terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Amor impossível


Conta à lenda que uma jovem mariposa de corpo frágil e alma sensível, voava ao redor do vento certa tarde quando viu uma estrela muito brilhante, e se apaixonou felicíssima voltou imediatamente para casa louca para contar à mãe que havia descoberto o que era amor – Que bobagem- foi a resposta fria que escutou –As estrelas não foram feitas para as mariposas voarem em torno delas procure um poste ou abajur, e se apaixone por algo assim; para isso nós fomos criadas! Decepcionada, a mariposa resolveu simplesmente ignorar o comentário da mãe e permitiu-se ficar de novo alegre com sua descoberta – Que maravilha poder sonhar! – pensava. Na noite seguinte, a estrela continuava no mesmo lugar, ela decidiu que iria subir até o céu voar em torno daquela luz radiante e demonstrar seu amor foi muito difícil além da altura a qual estava acostumada mais conseguiu subir alguns metros além de seu vôo normal. Entendeu que, se cada dia progredisse um pouquinho iria terminar chegando lá na estrela então, armou-se de paciência e começou a tentar vencer a distância que a separava de seu amor. Esperava com ansiedade que a noite descesse e quando via os primeiros raios da estrela batia ansiosamente suas asas em direção ao firmamento. Sua mãe ficava cada vez mais furiosa: - Estou muito decepcionada com minha filha – dizia. Toas as suas irmãs, primas, sobrinhas já tem lindas queimaduras nas asas, provocadas por lâmpadas! Só o calor de uma lâmpada é capaz de aquecer o coração de uma mariposa; você devia deixar de lado estes sonhos inúteis, e arranjar um amor que possa atingir!!! A jovem mariposa, irritada porque ninguém respeitava o que sentia, resolveu sair de casa. Mas, no fundo, - como, aliás, sempre acontece ficou marcada pelas palavras da mãe, e achou que ela tinha razão. Por algum tempo, tentou esquecer a estrela e apaixonar-se pela luz dos abajures de casas suntuosas, pelas luminárias que mostravam as cores de quadros magníficos, pelo fogo das velas que queimava nas mais belas catedrais do mundo. Mas seu coração não conseguia esquecer as estrela e depois de ver que a vida sem seu verdadeiro amor não tinha sentido, resolveu retornar sua caminhada em direção ao céu. Noite após noite, tentava voar o mais alto possível, mas quando a manhã chegava, estava com o corpo gelado e a alma mergulhada na tristeza. Entretanto, à medida que o tempo ia passando começou a prestar atenção em tudo que via à sua volta. Lá do alto, podia enxergar as cidades cheias de luzes, onde provavelmente suas primas, irmãs e sobrinhas já tinham encontrado um amor. Via as montanhas geladas, os oceanos com ondas gigantescas as nuvens que mudavam de forma a cada minuto. A mariposa começou a amar cada vez mais a sua estrela porque pra ela quem a empurrava para ver o mundo tão rico e tão lindo era ela. Muito tempo se passou, e um belo dia ela resolveu voltar a sua casa. Foi então que soube pelos vizinhos que sua mãe, suas irmãs, primas e sobrinhas e todas as mariposas que havia conhecido já tinham morrido queimadas nas lâmpadas e nas chamas das velas, destruídas pelo amor que julgavam fácil. A mariposa, embora jamais tenha conseguido chegar a sua estrela, viveu muitos anos ainda, descobriu toda noite algo diferente e interessante e compreendendo que, às vezes, amores impossíveis trazem muito, mas muito mais alegrias e benefícios que aqueles que estão ao alcance de nossas mãos.