quinta-feira, 26 de novembro de 2009

DOIDA OU SANTA?


Por Martha Medeiros


“Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa”.
São versos de Adélia Prado, retirados do poema A Serenata. Narra a inquietude de uma mulher que imagina que mais cedo ou mais tarde um homem virá arrebatá-la, logo ela que está envelhecendo e está tomada pela indecisão - não sabe como receber um novo amor não dispondo mais de juventude. E encerra: “De que modo vou abrir a janela, se não for doida? Como a fecharei, se não for santa?”
Adélia é uma poeta danada de boa. E perspicaz. Como pode uma mulher buscar uma definição exata para si mesma, estando em plena meia-idade, depois de já ter trilhado uma longa estrada onde encontrou alegrias e desilusões, e tendo ainda mais estrada pela frente? Se ela tiver coragem de passar por mais alegrias e desilusões - e a gente sabe como as desilusões devastam - terá que ser meio doida. Se preferir se abster de emoções fortes e apaziguar seu coração, então a santidade é a opção. Eu nem preciso dizer o que penso sobre isso, preciso?
Mas vamos lá. Pra começo de conversa, não acredito que haja uma única mulher no mundo que seja santa.. Os marmanjos devem estar de cabelo em pé: como assim, e a minha mãe??? Nem ela, caríssimos, nem ela. Existe mulher cansada, que é outra coisa. Ela deu tanto azar em suas relações que desanimou. Ela ficou tão sem dinheiro de uns tempos pra cá que deixou de ter vaidade. Ela perdeu tanto a fé em dias melhores que passou a se contentar com dias medíocres. Guardou sua loucura em alguma gaveta e nem lembra mais.
Santa mesmo, só Nossa Senhora, mas cá entre nós, não é uma doideira o modo como ela engravidou? (não se escandalize, não me mande e-mails, estou brin-can-do).
Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar ‘the big one’, aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Mas, além disso,temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio-pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar uma cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.
Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada,dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante.Pois então. Também é louca. E fascina a todos.
Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseja mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

CRÔNICA DO AMOR



Por Arnaldo Jabor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem noódio vocês combinam. Então?Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem amenor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você amaeste cara?Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucurapor computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

RELACIONAMENTO ABERTO



Por: Irisbel Correia

Medo, insegurança, incertezas. O que leva uma pessoa a não querer um compromisso? Os sites de relacionamento está repleto de perfis com relacionamento aberto. Será que namorar virou piegas, a fidelidade, o companheirismo ficou demodê?
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas não quer abrir mão da liberdade, das noitadas e da variedade que de certa forma está ao seu alcance, sem muitos esforços.
Tanto homens e mulheres, perderam a essencia, querem estar junto, mais se pintar um clima com outra pessoa, não pensam duas vezes.
As emoções, o amor nos deixa idiotas, abobalhados, pagamos mico. E dai, fuja da mesmice, se entregue por inteiro, sem medos... se não der certo, pelo menos tentou... o que realmente importa é ser feliz.

sábado, 14 de novembro de 2009

NAS ENTRELINHAS



Por: Irisbel Correia

Correspondente em Lisboa, em meados de 1906, e uma carta inglesa na mão, e a grande missão de traduzir seu significado. Quando de repente, ao olhar para cima, em letras garrafais deparei-me com a Empresa Íbis, tradutora. Não pensei duas vezes e entrei euforicamente para falar com um dos atendentes, a qual a minha surpresa, quem estava no balcão era nada mais nada menos que um dos maiores ícones da literatura mundial, Fernando Pessoa.
Rapidamente entreguei a carta que estava em minhas mãos, Pessoa, passou os olhos sem piscar por aquelas linhas desenhadas e a primeira coisa que balbuciou foi, é uma carta de mulher, devido o contorno das letras e a suavidade da escrita. Aproximei ainda mais, demonstrando interesse, e em alguns minutos ele me entrega a carta e a tradução. Como fiquei surpreso com a agilidade e pela maneira como afirmou que a carta era feminina, perguntei: como sabia? Fernando levanta os olhos lacrimejados e diz, carta de amor. Mais como te afirmas que é de uma mulher? A recordação de outrora ainda persiste em meus pensamentos. É uma música. Diga-me, o que lhe deu essa certeza? Não consigo te ouvir, não sei. A afirmação foi intensa, como se até soubesse de quem era? A verdade é a ânsia que me domina, pois eu era feliz e agora já não sei.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

DESCOBERTA




Por Irisbel Correia

Desbravar o desconhecido, me entregar e mergulhar de cabeça. Dúvida, angústia, por desejar a liberdade, e se enveredar por caminhos ainda não conhecido, mas a falta do toque de suas mãos, seu beijo, seu olhar que não saem de seus pensamentos, é uma sensação sufocante. Que mesmo querendo se desvincilhar desse sentimento que está lhe dominando, não consegue... e defenitivamente desiste de lutar, contra o que está claro em seus olhos, mas que não quer ver... ela finalmente descobriu o verdadeiro sentido do AMOR.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

AMANHÃ PODE SER TARDE

MANHÃ DE DOMINGO



Por: Irisbel Correia

Era pra ser igual a todos os outros domingos, mas o telefone toca, meio sonolenta atende, era a voz de alguém que mudaria a sua vida, nem que fosse por um simples instante, ele diz estou chegando, foi um estalo em seu subconsciente...

Chegando! Ela pula da cama, arruma as coisas às pressas, desbaratinada, não sabe o que fazer, esperar ele chegar, ou aprontar o café da manhã.
Decide esperar, o telefone toca novamente, era ele que já tinha chegado, ela pede que ele toque o interfone, em instantes o toque que faz seu coração acelerar, ela abre o portão, parece que aquele encontro demora horas e é eterna.... ela abre a porta da sala, e ele parado a olhando, ela não sabe se o beija enlouquecidamente ou o manda entrar.
Fez o mais sensato, pediu que entrasse... conversaram, ele pegou a toalha que havia esquecido, caminhou ao banheiro, se aproximou dela, e finalmente o beijo tão esperado... ele entra... ele pede a toalha que havia deixado em cima do bidê, ela gentilmente leva até ele, quando ele sai a envolve, e os dois juntos entram em baixo do chuveiro.
Adultos, que viraram adolescentes, a emoção que tomou conta de seus corpos fez com que se amassem intensivamente, como se nunca tivesse existido outra pessoa... se descobriam a cada toque de pele...
E aquela manhã de DOMINGO, que era pra ser igual aos outros, foi simplesmente mágica e inesquecível.

HÁ ESCOLAS GAIOLAS E ESCOLAS ASAS




Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

SEM O SEU AMOR

Por: Jorge Jacinto da Silva

PRIMAVERA

Por: Irisbel Correia
A brisa do outono, o vento gelado do inverno, o mormaço do verão, todas essenciais, mas nada se compara com as mundaças das flores, onde era verde agora é rosa, lilás, amarelo e vermelho.
Vozes novas no ar, o cantarolar dos pássaros, como o coral de viena. O céu dantes dominado pelas aeronaves, agora disputa lugar com as belas cores das borboletas, bem-te-vis.
A solidão do inverno, deixado de lado, pela alegria das cores da primavera, dos apaixonados, dos amores impossiveis e das crianças a brincar.
A juventude, nessa estação fogosa, ardente e alegre. Ama-se a vida — a juventude é crença. E a alma virgem nesta festa intensa. Canta, palpita, se extasia e goza.