domingo, 4 de julho de 2010

Quem Sou eu...

Por: Irisbel Correia

Sou fã declarada da Jornalista Martha Medeiros, e certa vez, li... um de seus artigos, que começava assim:
“Quem sou eu?? Quando não temos nada de prático nos atazanando a vida, a preocupação passa a ser existencial. Pouco importa de onde viemos e para onde vamos, mas quem somos é crucial descobrir. A gente é o que a gente gosta. A gente é nossa comida preferida, os filmes que a gente curte, os amigos que escolhemos, as roupas que a gente veste, a estação do ano preferida, nosso esporte, as cidades que nos encantam. Você não está fazendo nada agora? Eu idem. Vamos listar quem a gente é: você daí e eu daqui. ” (Martha Medeiros)

Então decidi aceitar a proposta de me descrever, assim, simples... como as coisas que gosto. Agora sem mais rodeios...vamos lá: quem sou eu?
Eu sou o friozinho na barriga na descida da montanha-russa e nos dias de ansiedade, sou a emoção da adrenalina. Sou um cafuné gostoso nos cabelos. Sou sorriso tímido em algumas horas e gargalhada escancarada em outras. Sou o tesão de uma missão cumprida, com gostinho de quero-mais-ainda. Sou dívida paga. Sou adorar o meu trabalho. Sou falar com Deus bem baixinho à noite, e ir à igreja quando dá vontade. Sou uma música dançada coladinho. Sou um sorriso aberto de quem estava com saudades de me ver. Sou um pedido de segredo, com aquele olhar de confiança. Sou muitas amizades e amigos.
Sou uma mesa bem posta cheias de coisas boas pra comer sem culpa. Sou salada mista, bife com fritas, camarão na moranga, arroz soltinho, feijão, macarrão, peixe, suco de frutas, vitaminas, milk shake de ovomaltine, pizza de champion e yorgute. Sou carne bem passada. E na sobremesa, eu sou mouse de chocolate. Sou doce, muito doce, muito chocolate, sorvete de todos os sabores.
Sou a minha casa mais do que a rua. Sou dia e sou noite. Sou olhar o céu em noite de lua cheia e as estrelas brilhando, ouvindo música. Sou o meu quarto, cheio de bichinhos de pelúcia, sou meus livros. Sou a minha cama, com muitos travesseiros. Sou meu computador. Sou banho bem quente em qualquer estação do ano. Sou cremes, perfumes, batom cor de boca e muito gloss. Sou sapato alto ou tênis, depende da ocasião. Sou meia fina, lingerie, calça jeans e jóias. Sou pouca maquiagem, um rímel e lápis, cabelo liso solto. Sou milhares de recordações, as gavetas cheias de fotos, cartas, lembranças das quais eu não consigo me desfazer. Sou lápis de cor, canetas, blocos e papéis.
Sou uma vida lotada de amigos, um sorriso simpático, compreensão acima de tudo, um abraço inesperado. Sou dizer e ouvir palavras que emocionam.
Sou um punhado de cartas, cartões e emails de amor, todos longos e intensos. Sou um amor mal resolvido, e mais outro. Sou a recusa de ficar ao lado de alguém só por ficar. Sou a opção de um romantismo exagerado e sem vergonha de ser assim. Sou uma folha em branco pra desenhar e escrever o que tiver vontade. Sou uma declaração de amor rasgada. Sou segurar as lágrimas nos olhos e ao mesmo tempo soltá-las sem fim. Sou calar pra não magoar, sou de deixar a poeira ficar bem baixinha pra depois conversar. Sou escrever quando o assunto é difícil. Sou gentilezas, carinhos e mimos. Sou dormir abraçada, um olhar arrebatador, uma palavra sussurrada no ouvido, um telefonema quente, uma brincadeira excitante, uma loucura, um beijo roubado. Sou muito, muito beijo, muito toque, muito abraço apertado, muito desejo, muita fantasia, me entregar totalmente se me sentir segura e amada. Sou encostar a cabeça no peito pra ouvir o coração batendo, dengo até não poder mais. Sou insistir até o fim em uma paixão, até onde aguentar.
Sou a saudade do colo da minha mãe, a saudade da risada do meu pai. Sou a saudade dos meus amigos da adolescência, das escolas onde estudei e dos professores que tive. Sou a saudade de pessoas que eu amei muito e que se foram. Sou a vontade de voltar a ser uma menina quando canso de ser adulta, e sou o orgulho de ter vencido até aqui. Sou um eterno procurar o lado bom da situação.
Sou Chico Buarque, Cecília Meireles, Martha Medeiros, Roberto Carlos, Djavan, Glória Pires, minissérie, desenho animado, Manuel Bandeira, Carlos Drummond, Beatles, Mariah Carey, Tarsila, Monteiro Lobato, filme romântico, Roupa Nova, Herbert Vianna, Engenheiros do Hawai, Sindy Loper, Abba, Begges, MPB, Graciliano Ramos, cinema nacional, Fernando Pessoa, Bebeto, Mário Prata, Maurício de Souza, música de todos os ritmos e estilos.
Sou mais madrugada que manhã, mais calor que frio, sou praia, mas não sou areia. Sou mais silêncio que briga mais escrever que ler. Sou mais momento que depois, mais mochila que bolsa, mais violino que piano, mais calma que desespero, mais medinho que pânico, mais calor do que frieza. Sou teatro, cinema, mais esquerda que direita. Sou FLAMENGO, sou multicor, mais parque que shopping, mais cahorro-quente que hamburguer, mais crianças que adultos, mais interior que exterior, mais dar presente que receber, mais caminhar que correr, sou música e pintura, mais dança que ginástica, mais encontro que telefonema, mais poesia que prosa, mais trabalho que descanso, mais sim que não. Sou mais sonho que realidade. E muito, mas muito mais emoção que razão.
Sou assistir um filme debaixo da coberta num dia frio. Ligar o rádio bem alto enquanto arrumo a casa. Andar de mãos dadas no parque no friozinho calmo de outono. Sonhar no escurinho do cinema. Surpreender e ser surpreendida. Contar histórias para os sobrinhos. Ouvir palavras doces e elogios sinceros. Comer manga lambuzando. Gritar gol no estádio ou em frente a TV. Ser desculpada quando piso na bola. Cheiro de neném. Imaginar, imaginar e imaginar.
Sou a soma de tudo isso, e infinitamente mais. E sou toda coração. Toda. E além de tudo isso, sou eu mesma. E gosto demais de saber quem eu sou de verdade.
E você, quem é?

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