quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Viver e deixar morrer


Imagem e Prefácio: Irisbel Correia

O Amor é assim... chega lentamente e nem percebemos quando ele morre... porque também se vai lentamente. Aliás, ele se vai, mesmo que não queremos deixá-lo ir. Nesse funebre desfecho um texto lindo da Camila, não basta o AMOR acabar, também temos que deixar ele morrer dentro de nós para que possamos continuar a viver.


Por: Camila Paier.

Enterro aqui a ilusão de um romance fácil, avassalador, conturbado e apaixonante, que como praticamente todos de tal biotipo, não sobreviveram ao caos diário. Às vadias fáceis, à bonança festiva, aos zilhões de amigos opostos. Aos palpites desconfiados, ao momento - errado, fatídico. Contaminado com o azar do destino, afetado pelo cansaço de remar contra a maré dos afetos: sempre desfavorável, os ventos. É com pesar que nem lágrimas sinto rolar por isso que em mim já não mais vivia, e cética e dura, talvez fria, oro enquanto fecho eu mesma no quintal dos sonhos, mais esse caixão. A sensação é tal a de um luto que já havia ensaiado, meses antes. Sem cortejo fúnebre e nem convidados, apenas eu como espectadora daquilo que teci e planejei. Única visualizadora do feixe de imagens e sons, de arrepios e visões de um fatídico final chama ao recomeço: necessário. Por vezes enganoso, agora lustroso: um final digno, para ambas as partes. Uma desconexão tangível, consciente. Ao lado da árvores que sombreia, uma flor em nascimento. Desabrochando. Um sentimento? Uma alma, uma afeição? Sabe se lá o que morre para o que outro nasça. Ainda descoberto, o renascimento. De mim, ou de um coração? De ti, ou de uma intuição? O bom é que uma tampa se fecha, e uma planta agora cresce.
Hoje chove. Abunda água para as pétalas que necessitam viver, aos caules e raízes qu
e querem insistentemente se fortificar. Ao falecimento, maior solidez. Que não é carnal, mas sim, afetivo. E necessário de eutanásia praticamente, quando era hora se foi: sem forças para respirar, nem respostas bem recebidas, uma desgastada paixão em estado terminal. Terminou. Alguma morte, ao lado de outra nova vida, nascença. Esperançosa, não temo que o floreio em andamento se ateie ou contagie por tão perto estar do imóvel; estacado. Com o passar da chuva, a abertura do tempo e o dia de amanhã, a certeza é uma: que nasce o sol. A flor que do lado agora se banha, lava a alma e prepara-se para o brilho no céu, radiará, vermelha e lustrosa: amor.

2 comentários:

Camila Paier disse...

É sempre um orgulho enorme ver meus textos por aí. Adorei tanto o prefácio, como a imagem. Dignos mesmo do texto, e de bom gosto! Obrigada pelo carinho e pelo reconhecimento, amada.
Beijocas!

Irisbel Correia disse...

Que bom que gostou do prefácio e da foto... casou bem com o seu lindo texto. Eu que agradeço o carinho. Bjs.