segunda-feira, 9 de maio de 2011

Do tempo da vovó.


É impressionante como ainda acontece certas coisas, principalmente quando querem julgar alguém. Olham só o estereótipo e esquecem o essencial, o caracter. As pessoas não foram feitas para ser "medidas" por roupas, acessórios e afins. O que se "mede" em uma pessoa são suas atitudes. Por passar e ouvir muitas coisas a esse respeito, achei interessante postar o texto da minha amiga talentosa Camila.


Por: Camila Paier

Já passou o tempo em que mulher casava virgem, e virgem, por bom senso, tinha o maior pudor em não usar absorvente interno (Ai, porque machuca..E se tirar minha virgindade? E agora? - típicas dúvidas de quem sofre do mal dos séculos modernos, a falta de diálogo em casa, em família). E que moço com o pinto pequeno era ruim de cama, e não dava conta. Ou ainda, que casar com um cara rico, é que sim, traria felicidade e "estabilidade". Mulheres queimaram sutiãs e avançaram muitas casas em termos de independência, e a liberdade que gozam - literalmente – se instaura cada vez mais nos dias atuais. O anticoncepcional se tornou algo rotineiro, e a pílula do dia seguinte, consumida por algumas de nós como bala de iogurte: uma atrás da outra. Grande revolução que causou reviravolta essa nossa, a feminina. A consequência de tais mudanças tem deixado os homens cada vez mais covardes, e nós mulheres, ainda mais exaltadas. O feminismo cresce, e o machismo, há décadas em declínio, tem voltado com tudo. Do pior jeito possível - em atitudes e falas cada vez mais radicais e grotescas, quase inacreditáveis. Sabem vocês que não sou feminista, estou é longe disso. Adoro ser mimada, tenho predileção por cavalheirismo e romance, e consumo em enorme escala (até onde dá meu dinheiro, claro). Eis que, em pleno século XXI, com mulheres deixando de pilotar fogão e indo comandar empresas, me deparo com a infeliz frase: "Medimos a dignidade de uma mulher pelo tamanho da calcinha." À primeira vista, questionei: quanto menor, maior a dignidade? Sexual, talvez, sim. Não, leio como resposta. Quanto maior a calcinha, maior a "dignidade" da moça; quer coisa mais retrógrada que isso? Pasmei. Puro falso moralismo, na verdade. Coloca a moça com um short-calcinha e com uma bela e pequenina tanga, e pago pra ver se a escolha não será óbvia. Só imaginam, esses homens, alguém pra ter do lado, ser mãe dos filhos e subir no altar se tiver uma enorme panties pra ficar no boxe do banheiro futuramente, que quer dizer claro, que ela é direita e "serve". Dama que usa de muita luxúria vestida logo de cara merece ser comida e só. Repugnante. Ao chegar em casa, corri pro armário. Não havia um calçolão ou ceroula da vovó pra contar se havia sido caracterizado como honrado, ou não. Por esse motivo então, por não existir aqui comigo uma peça íntima que condiza à minha nobreza, deixo de ser capaz e correta? Negativo. Quem sabe nos anos 50, sim. Mas hoje, quando se você não se sentir sensual e poderosa, e não satisfizer quem com você está, o companheiro busca por aí quem o faça? Não, não. Me recuso. Por esse motivo quem sabe, imagino apenas homens asquerosos e com quem as chances de algo comigo seriam nulas, discutindo tamanhos de calcinha e personalidade. Fazendo paralelos ridículos entre "a sensualidade exacerbada" da garota, pelo que ela desfila por baixo de vestidos, saias e calças. Uma babaquice sem tamanho. Um julgamento ineficaz, que nada diz sobre caráter, futuro e sentimento; essência. Ela pode vestir então, uma quase-boxer, e agir em festas como uma vadia louca? Questionável. Já a menina recatada, que pode ser na dela ou tranquila, se usar algo mais cavado, delicadamente pequeno, já perde todo o arsenal de pontos que acumulou? Injusto. Vão tentar queimar na fogueira a mulher que der no primeiro encontro também? Porque essas vocês fingem bem que amam. E até mesmo, gostam, e podem sentir algum amor. Só não admitem por ainda cultuar ideais tão quadrados pra essa nossa época insana. Continuam se reprimindo viver sem amarras e liberdade, o que asfixiará lá na frente também a pobre coitada que ficar com quem assim pensa:

mãos abertas e vazias de qualquer vaidade, vão desfilar com a cueca do marido pela casa e se sentirão bem dessa maneira. Nuas de volúpia e selecionar como baixa ou miúda a femme fatale que bem se sente vestindo quase nada, é de uma mente fechada e tanto. Se tamanho não é documento, é muito menos, vestimenta íntima. Grande é a mulher que se admira e se cuida, e rei é o homem que nota isso, elogia. Sabe que toda a produção, seja quem sabe, apenas para ele. De fio dental, ou renda, calcinha enorme ou até mesmo, sem nada: que as pessoas sejam analisadas pela dimensão do que nos causam e não por detalhes que merecem atenção, admirados da maneira exata: corpo a corpo.

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