sexta-feira, 9 de maio de 2008

Quando menos esperamos


Texto de Irisbel de Souza Correia

Estava voltando do trabalho como todos os dias, parei numa livraria, aproveitei para ler um pouco enquanto degustava um saboroso capuccino, conversei com vários freqüentadores, mais um deles me chamou atenção. tinha um olhar vago, inexpressivo, aproximei, puxei conversa, mas ele continuou inerte, até que de repente, segurou meu braço, olhei fixamente e disse:
- Boa noite, sou Bárbara e você!
- Sou Gabriel.
- Nunca tinha te visto por aqui é novo na cidade?
- Sim cheguei hoje tenho um trabalho a realizar esta noite, irei embora logo em seguida.
- Foi um prazer conhecê-lo, tenho que ir, mas quando voltar a cidade volte na livraria quem sabe nos veremos de novo.
Bárbara saiu, a noite estava fria, mais muito bonita, estrelada e a lua cheia iluminava tanto que, nem precisava de refletores, dava para ouvir o cantar das cigarras, as corujas, as folhas das arvores balançando, era uma noite perfeita de verão, quando tudo parecia estar perfeito, uma neblina baixou e começou a cobrir os telhados dos edifícios, a noite mudou completamente, perdi a noção do tempo, cada minuto parecia uma eternidade e de repente um grito, não era de dor, mas sim, de medo.
Amanheci agitada não sabia se era por causa do grito da noite anterior, tentei manter tudo natural como se não tivesse ouvido nada, mas infelizmente a campainha toca, meu coração dispara, fui atender a porta não tinha ninguém, voltei ao desjejum, minutos depois a campainha toca novamente ao atender não havia ninguém.
Resolvi sair, caminhar para esquecer o que tinha havido. Encontrei vários amigos do prédio em que morava, conversa vai e conversa vem que nem reparei que já era tarde, me despedi deles e voltei para casa.
Estava próxima de minha quadra, uma aglomeração de pessoas. Fiquei assustada, quanto mais me aproximava do edifício mais pessoas em estado de choque eu encontrava, chorando muito, passei por elas perguntando o que tinha acontecido e de tão transtornadas não me respondiam, era como se estivesse invisível. Quando cheguei próximo ao prédio escuto uma voz me chamando, era o rapaz da livraria, disse que já tinha chego à hora, olhei pra frente e não acreditei no que via, meu prédio desmoronado apenas seus destroços sobraram, perguntei aos policiais se havia algum sobrevivente, não me responderam a única coisa que restava era esperar por algum conhecido, na companhia do estranho Gabriel que não se afastou nem um minuto. Até que começaram a retirar os corpos, me aproximei, para verificar se era alguém conhecido, desmaiei ao ver que era o meu corpo que ali jazia desde eu ter ouvido aquele grito.

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