quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Deixo rolar.


Texto: Karine Melo e Adaptação: Irisbel Correia

Começo a escrever baixinho. Deve ser aquele receio que eu tenho que as palavras me dominem. É bem provável que elas desvendem o que ainda nem me dei conta. Mas confesso, hoje eu gostaria de me entender. Gostaria que o meu coração me chamasse para ter uma conversa demorada, e séria. Ahh, como eu queria que ele me contasse tudinho que eu preciso saber ao meu respeito. Sinceramente, eu não sei o que se passa por dentro. Na boa, eu não sei. E nada tenho haver com essa confusão de sensações. Ou tenho?
Me vejo diferente, esquisita, estranhamente inquieta. Acho que acordei para algumas coisas que estavam adormecidas. Valores, princípios e um cuidado a mais por mim. Sem exageros e sem vergonha do que há por vir. Na verdade, existem coisas que são minhas, só minhas. Tão minhas que me agarro com elas até que tudo ganhe o sentido que eu preciso. É um estranho fluxo de pensamento, idéias, sensações. Um despertar. Uma quase certeza que a minha história ainda tem algo a me contar. Eu sei que tem.
Não quero mais a mesmice, o comodismo e o que ainda é dúvida. Não aceito uma realidade que não seja pelo menos um tracejado do que eu desejo. Quero os meu sonhos de mãos dadas com o acaso, e que eles me levem aonde eu devo chegar. Não tenho pressa, sei esperar o momento certo e o que vem depois, não se explica, simplesmente acontece.
O segredo é que eu vou começar a respeitar as minhas vontades, vou correr os riscos que tanto a minha alma insiste em negar. Eu me rendo, eu me enfrento, dou a cara a tapa. Quem sabe numa manhã dessas eu acorde distraída e o medo vire coragem, as incertezas virem certezas. Quem sabe. Quero mais é ousadia. Quando o vento tiver ao meu favor, pegarei carona com ele. Vou saber para onde ir e o que levar comigo. Já que a vida sempre reserva surpresas, digo sim para elas. Deixo rolar.

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